sexta-feira, 20 de abril de 2007

YES, NÓS TEMOS JOCKEY CLUB

Transeuntes que passeavam descontraídos pelo calçadão da praia, na altura do Posto 6, na tranquila noite de sábado, tiveram uma surpresa admirável. Sem que precisassem utilizar recursos de arqueologia, descobriram ali mesmo, em frente a seus olhos esbugalhados, o maior jockey club do mundo.

Foram ao chão, picolés, sacos de pipoca, e churros. As mãos trêmulas renderam-se, tamanho o êxtase provocado nos populares, que, de bocas abertas, já se aglomeravam estupefatos. O vozerio, próprio de grandes eventos, fazia-se ouvir à distância. Carros estacionavam em manobras rápidas. Os que passavam de ônibus, arriscavam o pescoço fora das janelas, mas era de valer à pena.

Estavam ali, iluminados pelos holofotes, trotando garbosamente sobre a grama úmida, às vezes ensaiando corridas curtas, outras experimentando saltos, os mais fortes, os mais valentes, e os mais bem nutridos ratos de toda orla do litoral paulista. Verdadeiros Globe Trotters. Uns cavalos.


Impressionavam pela quantidade e qualidade. Como que amestrados, não deixavam a raia de grama. Naquele momento, o alvo escolhido pelos animais, era um quiosque de coco verde próximo à Fonte do Sapo. Em piruetas de um metro e meio de altura, conseguiam invadir e praticar um arrastão no estabelecimento que se encontrava fechado para o público, menos para eles.

Outros preferiam as latas de lixo fixadas pela prefeitura. As invasões eram rápidas, certeiras e premeditadas. Alguns ganharam apelidos, o "Pavarotti" era um enorme puro sangue, devia praticar halteres. "Dona Benta" tinha ancas altas e desfilava com seus 3 filhotes. "Seo Barriga" tinha uma certa dificuldade ao correr, tendo em vista seu notório sobrepeso. "Barbie" era uma ratazana ainda jovem, esguia e lépida.

Centenas de outros figurantes galopavam no maior do mundo. Segundo o Guinness Book of Records, o livro dos recordes, Santos tinha o jardim frontal de praia, de maior extensão do planeta, do alto de seus 218 mil e 800 metros quadrados, agora reinaugurado, como o maior Jockey Club de Ratos do universo, graças ao descaso completo e total das autoridades responsáveis (?) pela manutenção da limpeza, higiene e desratização do município.

Alheio às discussões da platéia, lá pelas tantas, "seo Barriga" sai de uma touceira dentando uma apetitosa espiga de milho. Antes que pudesse arrancar o primeiro naco, os filhos de "dona Benta", utilizando-se de uma tática de guerrilha, conseguiram aplicar o arrastão, e deixar o velho "Barriga" sem o jantar.

Esse absurdo ocorre todas as noites (de dia, felizmente, talvez obedecendo a um pacto com a prefeitura, eles permanecem entocados), sem que ninguém tome uma efetiva providência, visando a preservar, primeiro, a saúde pública, depois, o ex-maior do mundo.

Os jardins, registrados pelo Guinness Book of Records, estão reféns dos ratos e das ratazanas, que prometem não devolvê-lo tão cedo à cidade, até porque essa devolução dependerá da atuação preguiçosa daqueles que deveriam ter o dever e obrigação de zelar por um bem que, um dia, foi Jardim.
Direto da redação: Estevão Garcia

segunda-feira, 16 de abril de 2007

UM RODÍZIO INESQUECÍVEL

OBS.: ESSE ESTABELECIMENTO NÃO EXISTE MAIS. ESTÁVAMOS CERTOS.

Como tantas outras, a “Chama Crioula”, é uma churrascaria tipo rodízio, que fica na Av. Senador Dantas, esquina com a Rua Torres Homem, com preços até acessíveis, se compararmos com outros estabelecimentos do gênero.

Antes, um breve histórico: no mesmo local já foram instalados vários estabelecimentos comerciais, nenhum deu certo. Seria um estigma? Isso acontece, existem pontos comerciais onde nada faz sucesso, por mais que seus proprietários se esforcem e apliquem recursos financeiros nas instalações.

Mas há exceções. Na Av. Pedro Lessa, esquina com a Senador Dantas, onde, nas décadas de 50/70, funcionou o Cine Santo Antonio, e que depois foi de tudo, desde cerealista até madeireira, experimenta hoje, finalmente, algum sucesso, com o “Popeye”. Essa choperia ainda não foi avaliada por nós, porém, aparentemente, colhe bons resultados.

Pelo que percebemos, infelizmente, a “Chama Crioula” também terá vida curta, e se apagará. Para quem se preocupa apenas com o preço, não poderia ser melhor: de segunda a sexta-feira, há o que eles chamam de “Almoço Executivo”, das 11:30 às 15:30 hs., no valor de R$ 9,90 por pessoa. Entretanto, não espere por uma grande qualidade.

Nesse período, a mesa de saladas é modestíssima, exibindo pouco mais que folhas de alface. Às 13:15 hs., a “Moqueca de Cação” havia acabado, e não houve reposição, e olha que saímos de lá às 15:40 hs. Mas, para algumas pessoas, até foi bom não ter havido o reabastecimento. Moqueca de Cação, ninguém merece.

O serviço é sofrível, levando o cliente a uma bifurcação. Ou os garçons não são do ramo, ou fazem questão de não demonstrarem qualquer tipo de simpatia. Conseguem.

Os cortes oferecidos em rodízio são precários, tanto na qualidade (vêm torrados ou semicrus), quanto na quantidade de opções, com uma agravante: durante o “Almoço Executivo” não servem picanha, nem fraldinha.

O único destaque fica para a cerveja, gelada no ponto ideal.

Para não cometermos injustiças, retornamos ao “Chama Crioula” no horário nobre de um domingo (R$ 18,90 por cabeça). As alterações foram as seguintes: saiu a Moqueca de Cação e entrou o Bacalhau. Reforçando o time da casa, foi oferecido um self-service de massas, além da presença da picanha e da maminha, ausentes no tal Almoço Executivo.

De contra-peso, num cantinho do restaurante, uma dupla de cantores se esforçava para angariar a atenção dos esfomeados. Mesmo assim foi pouco.

A “cara amarrada” dos garçons, a qualidade das carnes, e o ponto de cozimento, continuaram os mesmos: uma injustiça contra os clientes, especialmente àqueles que voltavam para conferir a qualidade. Se possível, evite.

Cotações:

Serviço: 3

Bebidas: 9

Comida: 5

Instalações: 5

Direto da redação: Salviano Lisboa