terça-feira, 30 de junho de 2009

OS AVESTRUZES

Recentemente, a política e os políticos descobriram uma forma rápida e "eficiente" para resolver problemas ditos insolúveis ou de difícil resolução. Simplesmente fazem de conta que eles não existem. Tapam os olhos, deles, e da população, com justificativas as mais hilárias.

Se existem assaltos à mão armada, a culpa é da vítima, que ousou sair de casa com um tênis caro ou uma roupa bonita. Nada de carros do ano ou anéis nos dedos. Um completo absurdo. Se a casa foi invadida e roubada, com ou sem reféns, os motivo do acontecido estão na ponta da língua, é só escolher as opções:

a) o muro não era suficientemente alto;
b) não tinha cão de guarda;
c) não havia alarme;
d) o dono saiu com o carro e foi abordado;
e) o dono chegou com o carro e foi rendido;
d) todas as alternativas

O Estado está entregue, e não é por falta de dinheiro. A arrecadação e o pib crescem a cada semestre. O brasileiro comum paga cada vez mais impostos - os que não são comuns, ou não pagam tributos, ou têm como se safar - e não vê a retribuição nos serviços essenciais, que são exclusivos do Estado: segurança, educação e saúde.

Um dia decidiu-se resolver o problema das drogas ilícitas. E foi resolvido. Como? Assim: a partir daquela data, o porte e o consumo de drogas passou a não ser mais crime. O usuário estava livre para consumir onde, como e da forma que bem entendesse. Resolveram apenas a parte penal, a polícia passou a não prender mais ninguém. Se bem que a lei exige a apreensão; mas levar o indivíduo até a delegacia para apenas se fazer a lavratura de um Termo Circunstanciado (TC), decidiu-se que não compensava. Liberou geral. Dessa forma, a população carcerária não incha. O mesmo não ocorre, porém, com os cofres dos traficantes, quanto mais usuários liberados, mais dinheiro em caixa. A quem interessou esse salvo conduto?

Em Santos nada é diferente. Passear pela praia é um risco calculado. Tudo pode acontecer. No perímetro da orla tudo está liberado. O cardápio de "atrações" é variado: desde o consumo e tráfico de drogas, até tomar banho nu no chuveirinho é permitido. Claro, depois do banho, a prática sexual nos bancos é de lei. Ninguém incomoda ninguém. A polícia militar diz que não é com ela, e a guarda municipal ignora. É a terra de ninguém.

Fatos como esses causam indignação àquele cidadão que paga impostos. Por qual motivo instalariam dezenas de câmeras na praia, se nada é ou pode ser feito? Fácil, apenas para contabilizar pontos junto à base eleitoral. Incautos, todos irão achar que estarão mais seguros com a parafernália instalada, e aplaudirão efusivamente o benfeitor, que, exibindo todos os dentes, virará as costas, chamará seu imediato e ordenará: se alguém apertar o botão "liga" tá demitido.

Funcionários municipais existem, é verdade. Eles somam mais de 12 mil servidores, sem contar os terceirizados e temporários, que fazem esse número subir para 14 mil. O duro é achar cada um deles onde deveriam estar. Acredite, é matemática: para cada 32 habitantes santistas, existe 1 servidor. Isso é coisa de primeiríssimo mundo.

Dentro desse contexto, 1 servidor deveria, não só saber o nome e endereço de cada um dos seus 32 contribuintes, como também a data de aniversário de cada um.

O defeito do brasileiro comum é ter esse jeito de bezerro de presépio. Bonzinho, reclama bem baixinho, e, conduzido por palavras fáceis, acaba votando sempre nos mesmos algozes.

Depois de Sílvio Fernandes Lopes (1957/61) e (1965/69), e Antonio Manuel de Carvalho (1974/79), quando Santos experimentou obras urbanas de impacto para a época, não surgiu outro nome para se igualar aos dois. O pior é que não se vê no horizonte um nome forte, capaz de construir uma cidade em cima dessa que conhecemos.

Estamos sendo governados por avestruzes, que enfiam o pescoço no buraco da incapacidade, para não sentirem o odor dos seus desgovernos. Xô avestruz!

Direto da redação: Salviano Lisboa

segunda-feira, 29 de junho de 2009

CANAL 4 - PIZZA, BAR, E RESTAURANTE: UM PERIGO

Sem dúvida, arquitetonicamente falando, é um dos melhores lugares de Santos. Muito bem decorado, bem dividido, e um ambiente classe "A", embora beirando a formalidade, mas, claro, sem restrições.

Entretanto, como se sabe, nem só de concreto e móveis bonitos vive um restaurante, a cozinha e o operacional têm que estar à altura da proposta do lugar.

Certamente, o "Canal 4 - Pizza, Bar e Restaurante" fica devendo, quando a análise engloba todos os ítens sujeitos à observação. Os preços praticados são normais para o padrão da casa, e se coaduna com os pratos oferecidos. Os de peixe, por exemplo, estão na faixa de R$ 75,00, mas há a opção de "meia-porção". Não se engane, são bem servidos.

O que é desconcertante e inadimissível é o serviço. É trágico. A má performance, destrói o que a cozinha oferece com qualidade. Os mais observadores poderão achar que, talvez, estejam participando de uma "pegadinha", tal a confusão e descontrole exibida pelos garçons.

Há a urgente necessidade de uma reavaliação por parte dos proprietários, caso queiram manter a casa aberta. Esse problema, pelo que se sabe, não é de ontem nem de hoje, já é de alguns meses.

Querendo arriscar, caso você não tenha pressa, e seja devoto da chamada "santa paciência", é uma pedida interessante, excluíndo-se o mal atendimento.

Cotações:

Serviço: 1
Bebidas: 8
Pratos: 8
Instalações: 9

Local: Av. Siqueira Campos - Canal 4 - Santos/SP

Direto da redação: Belizário Jr.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

EMBALOS, SEM MEDO DE ERRAR

O lugar tem cara de boteco. E é. O detalhe é que é um boteco bem organizado, regido pelo mestre Maresia, que dá condições às suas "marinetes" (atendentes) de deslizarem pelo salão, exibindo uma simpatia singular, cativando a clientela. Rápidas, atentas e antenadas, elas não deixam o ritmo cair, resultando num atendimento informal, personalizado e objetivo.

O ambiente, pequeno, é de total descontração e muitíssimo bem frequentado. Quatro televisores, espalhados estrategicamente, exibem o principal jogo da rodada. Um chamariz a mais para quem gosta. Pessoalmente, apesar de apreciar futebol, acho que um bom boteco deve ter música, nada mais. Um dvd com Arlindo Cruz, ou uma voz e um violão, casaria melhor com o ambiente e a proposta da casa.

O Embalos é um dos raros bares da rua Pindorama que oferecem cerveja de garrafa (600 ml) aos frequentadores. Melhor ainda: com uma diversificação de marcas muito interessante e na temperatura exata. O cardápio tem as porções tradicionais de boteco, mas conta com um arsenal de pratos da melhor qualidade. Aos sábados, é servida uma feijoada borbulhante e criminosa. Impossível resistir. Esse detalhe mostra a alta qualidade da cozinha, conduzida com carinho e prazer.

Preços honestos (a feijoada, por exemplo, que dá para três pessoas, sai a R$ 34,00) e um pacote que inclui simpatia, alto astral, e bom atendimento, fazem do Embalos um boteco digno, que merece ser conhecido e adotado.

Cotações:

Serviço: 10
Bebidas: 10
Pratos: 9
Instalações: 8

Local: Rua Pindorama - Santos/SP

Direto da redação: Meirelles Carvalho

sexta-feira, 12 de junho de 2009

A OVELHA NEGRA DA RUA PINDORAMA

Proporcionalmente, talvez seja a rua de Santos em que há mais bares, onde o quesito qualidade é fundamental. Entretanto, nem tudo são rosas. Há espinhos pelo caminho. "O Grill", localizado na esquina da praia com a Pindorama, que, tão somente pelo destaque geográfico, deveria representar condignamente seus parceiros concorrentes, não tem a leveza e a classe de seus pares.
O ambiente é por demais dark, um peso pesado. As instalações deveriam merecer uma atenção redobrada de seu proprietário. Uma simples pintura, e uma limpeza geral, poderia dar-lhe um ar mais clean. As goteiras também atrapalham, e revelam a falta de manutenção básica, tornando o astral melancólico e sombrio.

O serviço é esforçado, mas o time não ajuda, e o resultado é sofrível. O cardápio é incerto e não sabido pelos garçons. Nem tudo que está anunciado tem. Pior: os preços não se coadunam com o que é servido. É muito preço para pouca qualidade. E bota pouca nisso.

Verdade seja dita, é um dos raros bares da região que oferece cerveja comum em garrafas de 600 ml. A grande maioria, na rua Pindorama, serve apenas long-neck ou chopp, consequentemente, a um custo bem mais elevado aos bebedores. Mas apenas isso é pouco. Qualitativamente, o Grill está longe dos demais concorrentes, um perfeito estranho no ninho. Evite.

Cotações:

Serviço: 2
Bebidas: 6
Pratos: 2
Instalações: 1

Local: Rua Pindorama - Santos/SP

Direto da redação: Salviano Lisboa



quinta-feira, 21 de maio de 2009

PAULISTÂNIA, AGRADÁVEL E INTIMISTA

O Paulistânia fica do quadrilátero da boemia, na Rua Pindorama. Já é veterano, mas mantém o jeito de boteco, apesar de não ser. Os frequentadores querem que ele seja. Então é.

Esse "falso" botequim é irmão do "Heinz" e do "Armazém 29" por parte dos proprietários. Tem uma clientela cativa, que passa por uma metamorfose diária. Durante o dia, a média de idade fica acima dos 30. À tardinha, quando cai o sol poente de sábado, há uma transformação de grosso calibre. Os mais velhos se retiram, e chega a galerinha, na faixa de 16 a 35 anos.

O espaço não é pequeno, mas conseguir um lugar na hora do "rush", é meio complicado. Mas vale a pena tentar, o ambiente é clean.

O que pouca gente sabe, é que muitas iguarias servidas no Heiz, como o cuscus, por exemplo, são elaboradas no Paulistânia, e para lá conduzidas.

O cardápio é variado e acessível a vários bolsos. O único senão foi detetado no quesito cerveja. O Paulistânia oferece algumas marcas, mas sempre na embalagem "long-neck", que representa um custo elevado, para quem consome mais de cinco. A única opção é a cerveja uruguaia, de 980ml, por R$ 12,00, ou o chopp, muito bem tirado.

O serviço é intimista, beirando à informalidade, muito próprio dos melhores botecos. A interatividade garçon/cliente é natural, sem exageros. Na medida certa.

As instalações não são luxuosas, nem poderiam. Mas não deixam nada a desejar no tópico conforto. É uma boa opção para qualquer horário.

Cotações:

Serviço: 9
Bebidas: 8
Pratos: 8
Instalações: 8

Local: Rua Pindorama - Santos/SP

Direto da redação: Estevão Garcia

O HEINZ NÃO É MAIS AQUELE

Os mais saudosistas certamente irão estranhar, quando, ao lerem o cardápio, observarem um corpo estranho nas entrelinhas: o "cuscus". Um acinte. Pois é, o Heinz capitulou, está servindo cuscus. E tem mais: caranguejo também. Sinal dos tempos.

O único sangue puro, e representente alemão na baixada santista, se entregou ao modismo popularesco. Ao que tudo indica, essa foi a forma encontrada pelos novos proprietários para chamar a atenção dos mais jovens e menos exigentes em gastronomia.

O ambiente, porém, continua dos melhores e muito bem frequentado. Os pratos tradicionais, como o famoso "joelho de porco", permanecem em cartaz, mas sem a mesma aceitação de outros tempos. Aliás, de um modo geral, se observa a preferência por guloseimas mais tradicionais e corriqueiras. O chopp continua ótimo e bem tirado.

O serviço continua o de sempre: confuso. Antigos garçons receberam novos companheiros, mas, mesmo essa injeção de noviços não fez mudar o atendimento, que, por vezes, chega ao perigoso nível do caótico. Tenha paciência, e vá com tempo extra para gastar.

Por falar em gastar, os preços elevados constroem uma barreira natural ao nível da frequência, ficando balizada entre as classes A e B. Portanto, vá prevenido, os valores são semelhantes aos bares mais sofisticados de São Paulo, sem que haja a contrapartida, porém.

Cotações:

Serviço: 4
Bebidas: 8
Pratos: 6
Instalações: 8

Local: Rua Pindorama - Santos/SP


Direto da redação: Salviano Lisboa